terça-feira, 18 de setembro de 2007

A Desilusão de um Quase


Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase!
É o quase que me incomoda, que me entristece, que mata tudo o que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou, ainda joga; quem quase passou, ainda estuda; quem quase amou, não amou!
Basta pensar nas oportunidades que se escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel, por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos bom dia, quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima; o amor enlouquece; o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir ente a alegria e a dor. Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplkia o vazio que cada um traz dentro de si.
Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão; para os fracassos chance; para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor, não é romance.
Não deixes que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfia do destino e acredita em ti.
Gasta mais horas realizando, que sonhando...
Fazendo, que planejando...
Vivendo, que esperando...
Porque, embora quem quase morreu esteja vivo,qume quase vive, já morreu...

( Luiz Fernando Veríssimo)

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