quarta-feira, 21 de abril de 2010

A DESIRE, ein Wunsch

93!


Ele agora fala interminavelmente sobre rompimentos, com síndrome da “mulher traída”, de forma tão antinatural que parece ter sido coagido por Scott Pilgrim. Usa frases prontas tão forçadas que dá a entender que foi “Ctrl+C, Ctrl+V” de algum e-book e cita sempre comportamentos de gatos em seus textos.
A pose de durão já não assusta nem uma garota recém violentada. Seu ar Heartbreaker já dispersou há muito tempo. Já não vejo criatividade em seus tratados, apenas referencias (plágios?); não identifico originalidade, apenas um dever de “cumprir tabela”. Esses anos todos de ininterrupta “criação” talvez o tenham desgastado - esgotado seu prana artístico. Não reconheço mais meu herói de outrora. A faculdade o ensinou a gramática perfeita e lhe deu a técnica da redação, mas lhe tirou a inspiração das musas... vai ver é algum plano do governo: seqüestrar talentos e roubar-lhes o ímpeto (des)construtivo, apagar o fogo da alma faminta com algodão-doce.
Aquele meu anti-herói me ensinou certa vez: “Quando você está feliz você não escreve. Se você escreve bem, você não está feliz.” Pois bem, esse novo colega vem para me mostrar que quer trocar sua ‘felicidade’ por bons textos. No entanto agora não está aberta a temporada de barganha, talvez mês que vem quando gêmeos chegar...
Hoje percebo que o CEFET-MG UNED LEOPOLDINA CAMPUS III deixou marcas em muita gente. O sonho acabou e muitos ainda sentem os “membros fantasmas”: suas épicas personalidades, a vida em pleno vôo rasante, suas cores, sons e gargalhadas. As opiniões mais punks e revolucionarias. Éramos uma falange, prontos para arrasar o mundo, sermos os formadores de opinião do novo Brasil. Uma nova era, de espontaneidade, atitude e autenticidade. Audácia/ousadia, alegria, irreverência, inteligência, critica áspera, senso de beleza, caráter e sinceridade.
Mas ninguém nos avisou o que nos esperava aqui fora, e nosso ingênuo erro foi: “dividir para conquistar”. Cada um tomou seu torto rumo sem saber o que iria encontrar.
A porrada foi dura! Poucos foram aqueles que se acharam no caminho certo, fizeram o que queriam e agora tentam aparecer – como alguém na curva de um rio que grita: “Vem! Dá pé!”. Vários estão pendurados entre o sonho e a realidade, porquanto ainda encontram um modo de ir avançando no corredor polonês.
Outros tantos se (des)encontram no limbo escuro da “vida comum”: isolada, medíocre, sem gargalhada de conforto ou grito de gozo. Apanham todos os dias da hipocrisia, falsidade, censura, da sociedade provinciana, do coronelismo castrador, do “Status Quo”. Miséria, carência, ostracismo, perrengue e discriminação são seus (nossos) algozes. É isso que sofre aquele que, mesmo afundado no poço de lama, sonha com o jardim de Curitiba. Na verdade acredito que 80% desses já se venderam aos senhores de engenho e aderiram à Matrix, tornando-se bons alemães*.
Eu sigo em frente, apanhando sempre, humilhado às vezes, conformado nunca!
Agora, depois dessas palavras agridoces vejo que meu colega e amigo não morreu em sua escrita (e conseqüentemente em seu sonho), ainda resiste! Persiste ferido e esperançoso, construindo de pouco a pouco a estrada para Glória e a Liberdade... com tijolos amarelos, é claro...


*Bons alemães= referência aos honestos cidadãos da Alemanha dos anos 30/40 que, justamente por sua natureza pacata e ortodoxa, fazia vista grossa e até fortalecia o nazismo no país.

Manhuaçu, 19-04-2010 segunda-feira 23h30min
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