sexta-feira, 28 de maio de 2010

DAS EXPECTATIVAS E DAS CONCLUSÕES

93! 07-02-09



Quantas vezes a gente se olha no espelho e não vê o que queria, o que almejava, o que pensou estar lutando para conseguir?
E quantas vezes você se pergunta: Porra, não consegui o que sonhava quando era criança, mas e se conseguisse?! Seria tão emocionante como foi “do outro jeito”?(ou melhor, deste jeito?)
Não sei o que pensar numa hora dessas, em que a surpresa supera a expectativa. Não em níveis superiores de mesma escala. Mas algo totalmente diferente mas em altos níveis mesmo assim.
Nós sempre idealizamos um herói imbatível para nosso “futuro eu”(ou ‘eu futuro’) porém nunca acertamos na mosca. A grande maioria das vezes nos transformamos em anti-heróis, não menos românticos, entretanto, beeem diferente do desfrutador de toda felicidade que projetamos outrora.
Penso que o único caminho seja o Não Esperar, não criar expectativas, para o futuro, simplesmente “deixar fluir”. Todavia vejo que também estou errado nesse ponto e que existe sim, outro caminho. Talvez mas comum e efetivo/eficiente que o primeiro, que é: sempre projetar (um herói, que seja!) e sempre vencê-lo(para o bem ou para o mal), ultrapassando as expectativas para níveis maiores, em mesma escala(no sentido que imaginou “para ser no futuro”) ou uma escala diferente(revolução de personalidade) onde nos transformamos em algo diferente, no entanto “muito mais a frente” do ideal utópico fabricado por nós...de uma forma ou de outra.

(Humberto Lacerda Brum, texto escrito em Manhuaçu, 07 de fevereiro de 2009)

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DESTRUCTION DERBY

93! 00:10 13/12/08


Está tudo despencando, tudo explodindo, pressionando, implodindo, estourando. A começar por minha paciência!
Cheguei a conclusão de que tudo: as cidades e as vidas das pessoas tem disso: elas tem um ponto alto, uma boa fase, uma idade/era de ouro, depois tudo finda, se esfumaça e vira cinzas inanimadas sem futuro. Vê-se que na sua infância ou adolescência tu vivenciou uma época muito boa no bairro ou na galera de escola que tudo era festa, tudo virava história engraçada, tudo tinha seu estrelato, seu brilho natural, daí você muda ou fica e as pessoas mudam, ou ainda, todos ficam e todos mudam...pra pior, para uma versão SEM GRAÇA e saudosista.
Com as pessoas, relacionamentos acontece o mesmo. A cidade fica sem graça, as pessoas também ficam sem graça. As aventuras entram em extinção e os relacionamentos se vão. Enfim, é assim. A sorte sorri para você, se aceitar, você fica rico, sobe na carreira, bomba nas festas, consegue o que quer, avista o topo, a vida se desembola. Do contrário, se você deixa passar, perde o fio da meada, “tu te fodeu brother”, sai dos trilhos e sai feio. Descontrolado, ladeira abaixo, não tem freio nem mola. A descida é acelerada e trepidante...eu sei, não tem graça nenhuma, mas é assim.
A boa notícia é que as vezes a sorte volta a nos dar uma chance, e a má notícia é que se você não encontrar os trilhos, a highway, você não corre o risco dela te encontrar.
Engraçado é que não estou afirmando que encontrar os trilhos seja o “walking in the line” careta, certinho e bem educado. Não sei qual é a fórmula, mesmo porque se soubesse não viveria caindo dos trilhos. Eu só sei que há uma certa lógica e cada um tem que encontrar a sua...ou não. Não quero escrever mais sobre isso. Quero expulsar meus demônios plotando-os em palavras num papel. Minha mais conveniente terapia: escrever. Não depende de outra pessoa, como sexo; não carece de dinheiro, como álcool e drogas.
Um dia quem sabe muitos irão ler esses textos, talvez eu esteja morto. Ainda assim, se puder, estarei satisfeito e contente de ver que um dia consegui produzir arte e/ou cultura.


(Humberto L. Brum, Manhuaçu. Texto escrito em 13/12/08)
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domingo, 23 de maio de 2010

DO WHAT YOU WILT THAT’S THE WHOLE OF THE LIE

22:34


THE SATURN RINGS ARE SO TIGHT

Existem algumas coisas na vida que eu posso fazer…e existe todo resto que não posso.
Tomo o banho esperançoso, saio da minha casa quente, percorro a cidade fria e ela não está lá. Para não perder a viagem me resta tomar um chopp e comer mozzarella de búfala com tomates secos com a reserva das economias do mês que tinha decidido sacrificar em prol de um encontro promissor. Sozinho, num bar diferente do combinado – para o bolo não doer mais do que já dói – com o celular na mão, nenhum numero para ligar.
No friends, no women, no sex, no Money, no funny.
A derrota é clara, o quadro da decadência está pintado, com minha melhor roupa, o mais caro dos meus perfumes, solitário na chopperia central. Luto contra a vontade oportunista de acender um cigarro e voltar a fumar, para relaxar, refrescar as idéias e aos poucos me matar. Mas logo lembro que a Cida fez uma faxina impecável lá em casa e não quero emporcalhar com cheiro de nicotina os lençóis limpos.
A caminhada da volta parece mais longa, mais distante...com certeza é mais dura sem a volátil incerteza da expectativa de outrora. Ruas frias, escuras e mudas, a neblina arranha minha garganta. Sinto que queimei o cartucho. Mais um tiro desperdiçado, mais uma esperança de uma boa noite estraçalhada. I’m getting stronger with all this shit mas minha fé se atrofia logo em sua infância. Penso em consultar os oráculos para descobrir para qual fim eu ainda vivo mas morro de medo de uma resposta lugar-comum, como “para expiar minhas falhas”, “agüentar firme; para suportar”. Nada épico, nada glorioso, nada heróico. Isso me arrasaria mais ainda, como chutar cachorro morto. Então penso no que começar, sabendo de antemão que não há nada o que terminar, a não ser o sofrimento.
Tout ce que je voulais, c'était une chaude, belle, blonde, le vagin humide et délicieux dans mon lit. Si je l'ai eu ce soir je serais feliz. Sans elle...
Sou um Leopard II* sem combustível ou munição. Um poder absurdo, devastador e impetuoso, porém acorrentado, enclausurado, congelado, inútil.

* tanque de guerra

23:05

AS PESSOAS NÃO SÃO COMO NÓS LEMBRAMOS QUE SÃO

Na verdade não há uma dificuldade natural nas coisas entre as pessoas. As próprias pessoas por estupidez ou puro orgulho doentio é que tornam as coisas difíceis.
Todas pensam que os encontros casuais deveriam ser como filmes pornôs (assim pensam os homens) ou como soap operas (assim pensam as mulheres). Entretanto na hora do “vamo ver”, no momento de [por em pratica a] plotar a fantasia para a realidade elas não o fazem e ainda repudiam o sonho com as mais cruéis dificuldades e melindres que conseguem rebuscar na parte mais sólida (e paradoxalmente ilusória) da sua educação pela sociedade. Rigidez e Moral são as palavras/idéias policiais mais “espírito de porco” e estraga prazeres que existem.
Depois reclamam da felicidade – ou a falta dela.
Têm nas mãos pérolas preciosas e as jogam na lama com nojo do aspecto trivial e barato que suas mentes paranóicas mascaram as coisas alegres. Sempre assim, o sagrado sendo vulgarizado pelo gado e repudiado por este.
Na outra extremidade da arma está o rejeitado: depressivo e decepcionado por confiar na memória que tinha da pessoa amiga e quebrar a cara com a atitude censora e dissuasiva recebida. Agora entendo Jim Morrison quando ele canta “People Are Strange”.
Mulheres se guardam para o tempo, para as rugas, celulites e estrias; culotes e flacidez se aproveitam do banquete. Mas nunca as mulheres se entregam para os homens, para o prazer, o gozo e a excitação imediata. Quando o prato está sendo devorado por Cronos é que se lembram das oportunidades perdidas e tentam voltar atrás, em vão. Neste momento fazem plásticas e usam cosméticos caros. Umas para recuperar o tempo perdido. Outras apenas para perpetuar sua beleza de museu, aquela intocada, linda, mas apodrecendo por dentro sem perceber.
Aí está a dor do Homem: se põe a mercê, desarmado e esperançoso; envelhece por [decepção], desapontamento, endurece com a pancada e muitos se destroem no processo já [prevendo] visualizando o horizonte de “murros em ponta de faca”. Caem na bebida, nas drogas, recorre a mulheres fáceis (fáceis se você tiver R$ 70,00 no bolso) e buscam outros prazeres para embriagar a mente ávida por êxtase.

...no final só restam frígidas e misóginos, ambos infelizes...


Humberto Lacerda Brum

CUIDADO COM AS PRINCESAS DO TAROT

93!

30/11/08 para 01/12/08 00:15


Esta noite mais uma vez eu caí, por isto estou aqui, escrevendo, fazendo meu ritual, minha terapia pessoal. Desta vez tentarei “Não Ser Claro”, o mais relativo que puder e conseguir, melhor.
Sabe, as vezes sentimos que perdemos o fio da meada, que nada mais faz sentido, não há motivação ou paixão para despertar e vencer o dia lutando com sorriso de herói. As vezes só resta a testa franzida, a preocupação, a insatisfação e o tédio. Ansiedade de uma fuga mas preguiça para um motim. Vontade teórica se confunde com conformidade prática. O som de mimos me enjoa. O conforto se torna grudento e desagradável, a estabilidade se mostra um fardo pesado e bem amarrado. O sonho acabou. Não há mais lirismo na música nem empatia na leitura. John Lennon está com medo e confuso nas garras de Yoko Ono, logo depois de sair dos Beatles, achando que Paul é seu inimigo e que a princesa da morte é sua salvação.
O jovem punk enérgico está velho e vencido, sem graça para viver e sem coragem para morrer. Estagnado no espaço, perdido/jogado no tempo, sem correntezas para surfar. No brilhar do dia uma criança nada a beira do precipício no Victória Falls, na África. É o bebê no abismo.
Medo do futuro, desespero no presente, amor pelo passado - vivido e imaginado. Quem tirou minhas pilhas, quem roubou a bateria? Andorinha sozinha não faz verão e morre sozinha, não antes de viver o que não queria.
Usurpado, plagiado, invejado, condenado. A dor deu descanso a saudade e me achou, me reencontrou, trouxe um tapa na cara de presente para despertar o ‘sofrer’ dos homens. A sangrar, chorar e suar, beber, escrever, tocar e criar, that’s the way.
Dor de artista não passa,
ela é crônica, finge que vai mas volta.
Te deixa esbarrar na felicidade
para depois te morder com toda voracidade.
Te despedaça o coração,
nem raiva nem outra emoção.
Apatia e indiferença faz o tom da canção.
Ninguém te viu, ninguém te vê.
Teus créditos se esvaiam e ninguém olha para você.
Um único amigo inseparável em horas difíceis...
para quem tem um, que o mantenha,
para quem não tem, que SE sustenha.
Altivo e em pé, é só o que querem ver,
nada mais os saciarão,
e ao ver a frustração se assustarão,
nojo sentirão e será difícil não lembrar
o quanto frágil eles são.
Em quatro paredes, todos choramos
e por baixo da máscara todos sangramos.

(Humberto Lacerda Brum, Manhuaçu 30/11/08)
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