domingo, 23 de maio de 2010

CUIDADO COM AS PRINCESAS DO TAROT

93!

30/11/08 para 01/12/08 00:15


Esta noite mais uma vez eu caí, por isto estou aqui, escrevendo, fazendo meu ritual, minha terapia pessoal. Desta vez tentarei “Não Ser Claro”, o mais relativo que puder e conseguir, melhor.
Sabe, as vezes sentimos que perdemos o fio da meada, que nada mais faz sentido, não há motivação ou paixão para despertar e vencer o dia lutando com sorriso de herói. As vezes só resta a testa franzida, a preocupação, a insatisfação e o tédio. Ansiedade de uma fuga mas preguiça para um motim. Vontade teórica se confunde com conformidade prática. O som de mimos me enjoa. O conforto se torna grudento e desagradável, a estabilidade se mostra um fardo pesado e bem amarrado. O sonho acabou. Não há mais lirismo na música nem empatia na leitura. John Lennon está com medo e confuso nas garras de Yoko Ono, logo depois de sair dos Beatles, achando que Paul é seu inimigo e que a princesa da morte é sua salvação.
O jovem punk enérgico está velho e vencido, sem graça para viver e sem coragem para morrer. Estagnado no espaço, perdido/jogado no tempo, sem correntezas para surfar. No brilhar do dia uma criança nada a beira do precipício no Victória Falls, na África. É o bebê no abismo.
Medo do futuro, desespero no presente, amor pelo passado - vivido e imaginado. Quem tirou minhas pilhas, quem roubou a bateria? Andorinha sozinha não faz verão e morre sozinha, não antes de viver o que não queria.
Usurpado, plagiado, invejado, condenado. A dor deu descanso a saudade e me achou, me reencontrou, trouxe um tapa na cara de presente para despertar o ‘sofrer’ dos homens. A sangrar, chorar e suar, beber, escrever, tocar e criar, that’s the way.
Dor de artista não passa,
ela é crônica, finge que vai mas volta.
Te deixa esbarrar na felicidade
para depois te morder com toda voracidade.
Te despedaça o coração,
nem raiva nem outra emoção.
Apatia e indiferença faz o tom da canção.
Ninguém te viu, ninguém te vê.
Teus créditos se esvaiam e ninguém olha para você.
Um único amigo inseparável em horas difíceis...
para quem tem um, que o mantenha,
para quem não tem, que SE sustenha.
Altivo e em pé, é só o que querem ver,
nada mais os saciarão,
e ao ver a frustração se assustarão,
nojo sentirão e será difícil não lembrar
o quanto frágil eles são.
Em quatro paredes, todos choramos
e por baixo da máscara todos sangramos.

(Humberto Lacerda Brum, Manhuaçu 30/11/08)
93,93/93

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