Pela segunda vez em menos de 2 anos eu estou com fome em Manhuaçu, e agora sem cola pra tapiar o tempo e o organismo. Seria demais pedir comida à minha namorada. Ainda mais depois de ela achar que eu pisei na bola, que a ofendi por ter insistido em uma brincadeira que ela havia negado sorrindo. Pensei estar negociando na boa, ela faz charminho, eu peço que sim e depois mudamos de assunto(assim que funciona)...mas não. Ela chora por 15 min e me põe preocupado, me sentindo o cara mais sujo do mundo. Desta vez sim, insisto de verdade para ela me contar o que houve, que tipo de lembrança eu havia despertado em sua memória. Mas não era lembrança, foi atual, foi agora e foi culpa minha...Desta última afirmação não tenho tanta certeza assim...mas vamos considerar que sim, que fui um crápula.
Depois de ter me transformado no vilão do escritório, inimigo nº1 da república que eu moro, de ser abandonado pelos amigos, evitado pela família e rejeitado do mundinho cult, será que agora sou também um anti-herói, um vilão para minha namorada, a única pessoa que me fazia acreditar que ainda não estava só?
Tenho 50 pratas para passar o mês e hoje é dia 13 ainda, minha esperança é conseguir sobreviver com isso, pagando restaurante, lanchonete e transporte até o dia 20, nesse dia pretendo ter sucesso na empreitada de trocar meu ticket alimentação e chegar até o fim do mês sem perder mais 3Kg.
Já agradeci e dispensei com muito pesar a viagem à Guaraparí que meus primos me propuseram(por razões óbvias). Minha irmã me fez o convite tentador(leia com tom de ironia) de comprar “de meia” uma máquina de lavar de R$1.200,00 para minha mãe daqui a 50 dias. Terei que avisá-la de que estou passando fome...Mas não farei isso.
Fazer propaganda ou drama disto para parentes ou amigos não vai ajudar. Ainda tenho a (não mais tão)difícil tarefa de ser forte, austero, hindu o bastante para não transparecer os tempos de crise. Já dizia o poeta: “A infelicidade tem isto de bom: nos mostra os verdadeiros amigos”.(Balzac). Não quero pôr ninguém a uma prova tão rígida como esta, posso me decepcionar com os resultado, o que já aconteceu antes.
Logo, o que me resta é agüentar firme, com a valentia de Kratos e a sabedoria de um monge budista que sabe que toda dor é passageira e que o apego é fonte de todo sofrimento. Daí então acrescento ainda, que: O sofrimento é uma fonte criativa inesgotável!
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Um comentário:
wow. o melhor texto. parabéns, por ele. mas os amigos estão aqui, peça socorro se for o caso, cara!
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